segunda-feira, fevereiro 26, 2007

V

Depois de um ano, me vejo na mesma situação. A mesma sensação que tive quando disse sim a você volta, com aquele mesmo misto de dor e prazer que preenchiam todos os espaços vazios que trazia comigo.
Mas dessa vez escolho não. Não a você. Não a sensação morna e envolvente que percorre meu corpo quando escuto a sua voz, a cor azul que minha terapeuta holística vê em minha alma de apaixonada, ao frio na espinha quando você sussurra o que quero ouvir ao pé da minha orelha. Digo não ao um ano que passei tentando te conquistar e ao exato momento que consegui fazer você me dizer Eu te amo. Digo não a nossa história de amor sem fim e todos os nossos planos qüinqüenais.
Eu fico com todas as suas fotos e seus olhos azuis lacrimejantes, com nossas músicas com sentido especial e as sem sentido também. Com os bilhetes, cartões, e-mails, chats, desenhos e crônicas escritas em sua homenagem e você nem imaginava. E com o choro de noites seguidas e a dor constante e o horror de estar fazendo a decisão errada. Fico com sua imagem latendo na minha cabeça e me pergunto por quê?
Por que não luto mais uma vez por você? Por que vou te deixar livre? Para quê?
Só porque acho que não devo viver na corda de um amor que não tem pé nem cabeça e que poderá acabar até antes do fim dessa oração? Mas todos os amores não são assim? Não. Só o nosso. O nosso louco amor que deveria durar toda vida e construir uma bela casa, com um lindo jardim e um banquinho. E teríamos lindos filhos e um gato gordo e felpudo branco.
Eu escolho não ter que esperar. Eu escolho viver o hoje e não o amanhã e nem ter que esperar mais cinco anos para um plano se concretizar. Eu escolho não ter que fazer mais uma decisão por você e fazer a minha decisão.
Fico com o vazio, sim. Fico sem você. E vou procurar outro amor que decida comigo como vai ser o fim da história. E espero que, daqui a 50 anos, quando eu olhar para trás, não me sinta como um ano atrás e nem como hoje, e diga a mim mesma que não fiz a decisão errada.

SEM CARNAVAL

Depois de tantos anos na esbórnia do Carnaval, me resigno esse ano ao meu novo lar e não saio em meio a blocos, troças, pararanrans , mãos, pés, bocas, espuminhas e so on.
Me dei livros e filmes. E por mais que tivesse planejado uma saída estratégica a Olinda ou uma visita a mainha, caso a depressão batesse a porta, me sinto muito bem, obrigada.
Não estou com aquele cansaço gostoso de fim de Carnaval e nem com a alma lavada dos nobres foliões que enchem a cara e beijam muito e que depois contarão diversas histórias maluquíssimas aos netos. A minha história, ao contrário, vai ser estranha. Vai ser a do ano que me resignei a sair da minha toca para o cinema e chegando a casa abrir o mais recente livro de Mario Vargas Llosa.
Meu carnaval foi uma festa da carne particular, com os pequenos pecados da gula e do ócio, com certo toque de luxúria. A casa ficou mais bagunçada, confesso, dormi mais do que devia, quebrei pela milésima vez a dieta com nhoque, filé a alguma coisa e pouca salada, comi chocolate, voltei a ter vontade de escrever e estou menos tensa e menos preocupada com a quarta-feira e com meu aniversário.
Hoje sinto que fiz a escolha certa e acredito que todo mundo precise de um ano sem carnaval, nem que seja para dizer que sentiu falta ou, como eu, dizer que está aliviada e realizada.

Eu não devia, mas adoro escutar a conversa alheia.

Local: Cinema, durante sessão do filme Babel
Quem: Duas irmãs, já senhoras e sua mãe, com seus 83 anos – elas mencionaram!

Irmã 1: Olha quanta desgraça!
Irmã 2: Isso tudo que está acontecendo no mundo é Deus que está mandando.
Mãe: Como no Velho Testamento...
Irmã 2: É. Como todas as desgraças que ocorreram no Velho Testamento.
Irmã 2: Então Deus é ruim.
Mãe: Que blasfêmia.
Irmã 1: Não. Os homens são. Por isso o inferno é aqui.
Irmã 2: Se Deus é ruim, então Hitler é Deus.
Mãe: Que blasfêmia!
Irmã 1: Que blasfêmia, mulher!

Alguém dá um sssshhhhh e o diálogo termina.

19/01/2006

domingo, fevereiro 11, 2007

MUDANÇA

ESTOU ME MUDANDO. CONSEQUÊNCIA? ESTAREI SEM INTERNET POR ALGUNS DIAS. MAIS UM MOTIVO PARA POSTS ATRASADOS =/
ATÉ A PRÓXIMA.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Fim de tarde na varanda


sunset 003
Originally uploaded by Anny Gomes.

Para começar a semana...

Norah Jones - What Am I to You
"When I look in your eyes/ I can feel Butterfliess..."




Volta às aulas hoje. Trabalho mais tarde.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Acabo de ler no Yahoo!Notícias que o escritor João Ubaldo Ribeiro foi internado ontem e seu quadro é estável.
ANNYTHING'S
João Ubaldo é um dos meus autores preferidos! Adoro-o.