quarta-feira, abril 28, 2010

A bala

Toda falta que senti de você durante todos os dias, horas, minutos, segundos, em que ficamos separados explodiram agora em forma de estilhaços de bala. Meu coração cortado em pequenas partículas flutua entre todos os meus órgãos.

Uma dor constante, fina e cruel se instalou no meu peito. O meu ventre sente um incomodo. Meu estomago mareado cria gosto e hálitos de vômito em minha boca - acredito que essa seja o estado da minha alma. A minha pele traz calafrios, pequenas dores pelas juntas do meu corpo.

A inércia está no meu cérebro.

O único pensamento que possuo é "Volta para mim". Como um mantra ele vem e volta em tons graves, muitas vezes intercalados por um "Me aceita de volta".

Sinto o artefato explodindo novamente em mim.

Cada explosão dessas é um suplício. Respirar, então, é uma tarefa árdua. E sinto a dor fina e cruel, o ventre, o vômito, as juntas, os calafrios. E o mantra chega e olho para o lado, para cima, para baixo. Procuro a cura, uma solução para sintomas múltiplos de uma doença não catalogada.

Fecho os olhos. Vejo seus olhos firmes e dóceis, a linha do seu nariz, sua boca carnuda, grosseiramente talhada. Sinto sua respiração forte, a tensão em que você se mantém mesmo adormecido. Esses pensamentos apaziguam e reconstroem meu coração.

Até que a próxima bala penetra e me relembra a realidade.

Não conto os minutos, horas, dias em que passo nesse estado. Tenho medo que possa sentir a mesma saudade que senti por você durante dias, horas, minutos, segundos em que ficamos separados.