terça-feira, agosto 12, 2014

Ah! Felicidade!

Me disseram que você vai bem. Eu prontamente agradeci a informação inútil não requerida e sem objetivo algum. 
"E muito bem", ressaltaram. Novamente. Algo sem necessidade de ser e estar.
E como se não bastasse: "Mudou. Achou a felicidade". Ah vá! Quem se importa?

EU é que vou bem.
EU é que estou muito bem, obrigado.
Casei, tenho dois filhos adoráveis, uma linda mulher, uma casa de se invejar. Tomo meu 12 anos, assistindo meu futebol na minha full HD, comendo meu pistache iraniano. Férias? As últimas em Cáncun, com a família toda. TODA, porque não gosto de miserê. 
EU é que vou e ESTOU bem.

Felicidade?
[...]
Não ouviu falar que é composta de momentos? Só fala da sua? 

Nem sempre os meninos são adoráveis, minha mulher não é linda todo o tempo e a casa, bem, precisa de reparos. 12 anos amarga e troco pelo chopinho - lembra dos chopinhos do boteco da esquina do teu apartamento? 
Aquele que é o bate-cartão dos finais de tarde das sextas-feiras da lamentação. Grande nome esse: sextas-feiras da lamentação! Lembra?
Aquilo é que era felicidade!
[...]

Como você pode estar feliz agora? Como? Não sentes remorso? Que coração é esse que espalha a todos que está bem, muito bem e ainda, feliz? Que não lembra o quanto me fez sofrer, comer o pão que o diabo amassou, correr atrás de outra para te esquecer?
Como?

Não precisa responder. 
Só para de esfregar a sua felicidade em minha cara. Ou se o fizer, que seja pessoalmente. Afinal, você nunca respondeu a minha última mensagem.