segunda-feira, fevereiro 26, 2007

SEM CARNAVAL

Depois de tantos anos na esbórnia do Carnaval, me resigno esse ano ao meu novo lar e não saio em meio a blocos, troças, pararanrans , mãos, pés, bocas, espuminhas e so on.
Me dei livros e filmes. E por mais que tivesse planejado uma saída estratégica a Olinda ou uma visita a mainha, caso a depressão batesse a porta, me sinto muito bem, obrigada.
Não estou com aquele cansaço gostoso de fim de Carnaval e nem com a alma lavada dos nobres foliões que enchem a cara e beijam muito e que depois contarão diversas histórias maluquíssimas aos netos. A minha história, ao contrário, vai ser estranha. Vai ser a do ano que me resignei a sair da minha toca para o cinema e chegando a casa abrir o mais recente livro de Mario Vargas Llosa.
Meu carnaval foi uma festa da carne particular, com os pequenos pecados da gula e do ócio, com certo toque de luxúria. A casa ficou mais bagunçada, confesso, dormi mais do que devia, quebrei pela milésima vez a dieta com nhoque, filé a alguma coisa e pouca salada, comi chocolate, voltei a ter vontade de escrever e estou menos tensa e menos preocupada com a quarta-feira e com meu aniversário.
Hoje sinto que fiz a escolha certa e acredito que todo mundo precise de um ano sem carnaval, nem que seja para dizer que sentiu falta ou, como eu, dizer que está aliviada e realizada.

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