Na verdade, a culpa não é sua. Eu é que estava nas nuvens e não via com clareza o que se passava.
A distância fazia com que tudo se misturasse, como em pinceladas desconexas de um quadro impressionista vistas bem de perto.Eu não enxergava porque preferia as novas cores, o novo ponto de vista. O cheiro e o sabor dançando num jogo de esconde-esconde.
Vê. A culpa não é sua.
Na verdade, é que enquanto nas nuvens estava não me importava com as rajadas de vento, nem com as tempestades repentinas. Visto que a queda era amortecida por elas, as nuvens.Não me importava em gritar por gritar, em chorar por chorar, ceder e nada receber, por cobrar enfurecidamente. Por perder a lógica, a razão e a hora de viver. Porque das nuvens, bem, da nuvens eu não via com clareza o que se passava.
Precisou que tu vieste até a mim para lembrar-me: "Isto não é nuvem, é terra. cheira, toca. Vê como ela vira lama com tuas lágrimas. Isto não é nuvem. É chão". E no chão a distância é menor. As cores são sólidas. Cheiro é cheiro, sabor é sabor. Gritos incomodam e são abafados, a fúria é comedida, a razão comanda e as horas passam cruelmente. Ah! E sim, se caí. E a queda dói.
E as rajadas de vento espalham destroços e as tempestades inundam e corroem por onde passam.
Vê. A culpa não é sua.
A culpa é só minha que confundi céu e terra, areia e nuvem, tentando não ver.
quarta-feira, novembro 17, 2010
sexta-feira, agosto 27, 2010
Caio Fernando Abreu
"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "
segunda-feira, agosto 23, 2010
Implosão
A poeira ainda paira sobre o ar
O cinza, o cheiro de passado
Restos de tijolos
Arremedos de arame
Tocos de madeira
E o cheiro ocre dos esgotos arrebentados
Tudo aconteceu há pouco
Como um estalo
Num estampido
Na velocidade da luz
Em vários lances
Que mais pareceram um único
O alicerce, as vigas, os andares
Que me davam vida se foram.
E com eles foram-se também as memórias,
A coragem,
As tristezas e alegrias,
O poder do diálogo,
Os amores e o ódio,
A vida.
A vontade de reconstrução.
Ficou, apenas, o cheiro ocre dos esgotos,
A poeira pelo ar,
E o cheiro de passado.
O cinza, o cheiro de passado
Restos de tijolos
Arremedos de arame
Tocos de madeira
E o cheiro ocre dos esgotos arrebentados
Tudo aconteceu há pouco
Como um estalo
Num estampido
Na velocidade da luz
Em vários lances
Que mais pareceram um único
O alicerce, as vigas, os andares
Que me davam vida se foram.
E com eles foram-se também as memórias,
A coragem,
As tristezas e alegrias,
O poder do diálogo,
Os amores e o ódio,
A vida.
A vontade de reconstrução.
Ficou, apenas, o cheiro ocre dos esgotos,
A poeira pelo ar,
E o cheiro de passado.
sexta-feira, maio 14, 2010
Ensinamento - Adélia Prado
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no trabalho pesado".
Arrumou pão e café, deixou o tacho com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
Vi no Blog da Rosely Sayão.
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no trabalho pesado".
Arrumou pão e café, deixou o tacho com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.
Vi no Blog da Rosely Sayão.
sábado, maio 08, 2010
quarta-feira, abril 28, 2010
A bala
Toda falta que senti de você durante todos os dias, horas, minutos, segundos, em que ficamos separados explodiram agora em forma de estilhaços de bala. Meu coração cortado em pequenas partículas flutua entre todos os meus órgãos.
Uma dor constante, fina e cruel se instalou no meu peito. O meu ventre sente um incomodo. Meu estomago mareado cria gosto e hálitos de vômito em minha boca - acredito que essa seja o estado da minha alma. A minha pele traz calafrios, pequenas dores pelas juntas do meu corpo.
A inércia está no meu cérebro.
O único pensamento que possuo é "Volta para mim". Como um mantra ele vem e volta em tons graves, muitas vezes intercalados por um "Me aceita de volta".
Sinto o artefato explodindo novamente em mim.
Cada explosão dessas é um suplício. Respirar, então, é uma tarefa árdua. E sinto a dor fina e cruel, o ventre, o vômito, as juntas, os calafrios. E o mantra chega e olho para o lado, para cima, para baixo. Procuro a cura, uma solução para sintomas múltiplos de uma doença não catalogada.
Fecho os olhos. Vejo seus olhos firmes e dóceis, a linha do seu nariz, sua boca carnuda, grosseiramente talhada. Sinto sua respiração forte, a tensão em que você se mantém mesmo adormecido. Esses pensamentos apaziguam e reconstroem meu coração.
Até que a próxima bala penetra e me relembra a realidade.
Não conto os minutos, horas, dias em que passo nesse estado. Tenho medo que possa sentir a mesma saudade que senti por você durante dias, horas, minutos, segundos em que ficamos separados.
Uma dor constante, fina e cruel se instalou no meu peito. O meu ventre sente um incomodo. Meu estomago mareado cria gosto e hálitos de vômito em minha boca - acredito que essa seja o estado da minha alma. A minha pele traz calafrios, pequenas dores pelas juntas do meu corpo.
A inércia está no meu cérebro.
O único pensamento que possuo é "Volta para mim". Como um mantra ele vem e volta em tons graves, muitas vezes intercalados por um "Me aceita de volta".
Sinto o artefato explodindo novamente em mim.
Cada explosão dessas é um suplício. Respirar, então, é uma tarefa árdua. E sinto a dor fina e cruel, o ventre, o vômito, as juntas, os calafrios. E o mantra chega e olho para o lado, para cima, para baixo. Procuro a cura, uma solução para sintomas múltiplos de uma doença não catalogada.
Fecho os olhos. Vejo seus olhos firmes e dóceis, a linha do seu nariz, sua boca carnuda, grosseiramente talhada. Sinto sua respiração forte, a tensão em que você se mantém mesmo adormecido. Esses pensamentos apaziguam e reconstroem meu coração.
Até que a próxima bala penetra e me relembra a realidade.
Não conto os minutos, horas, dias em que passo nesse estado. Tenho medo que possa sentir a mesma saudade que senti por você durante dias, horas, minutos, segundos em que ficamos separados.
quinta-feira, março 04, 2010
Tá chegando a hora...
Amanhã é meu dia de aniversário - yey!
Enfim, essa é a música que representa o meu momento agora. Espero que gostem.
Ah! Parabéns Enoque e Evellyn! Nossos dias! =)
Enfim, essa é a música que representa o meu momento agora. Espero que gostem.
Ah! Parabéns Enoque e Evellyn! Nossos dias! =)
sábado, janeiro 02, 2010
Esperar
EU não espero mais
Notas de desgosto e orgulho tocam minha alma
Eu não espero mais
Por amor
Por brigas fadadas a cama
Eu não espero mais
Toques de telefone, mensagens
Para quê? Por quê?
Se não espero
Se não há ti
Eu não espero mais
Por mim
Por ligações fracassadas
Por apelos vãos
Eu não espero
Nem quero
Chegamos ao fim
Notas de desgosto e orgulho tocam minha alma
Eu não espero mais
Por amor
Por brigas fadadas a cama
Eu não espero mais
Toques de telefone, mensagens
Para quê? Por quê?
Se não espero
Se não há ti
Eu não espero mais
Por mim
Por ligações fracassadas
Por apelos vãos
Eu não espero
Nem quero
Chegamos ao fim
Assinar:
Postagens (Atom)