Na verdade, a culpa não é sua. Eu é que estava nas nuvens e não via com clareza o que se passava.
A distância fazia com que tudo se misturasse, como em pinceladas desconexas de um quadro impressionista vistas bem de perto.Eu não enxergava porque preferia as novas cores, o novo ponto de vista. O cheiro e o sabor dançando num jogo de esconde-esconde.
Vê. A culpa não é sua.
Na verdade, é que enquanto nas nuvens estava não me importava com as rajadas de vento, nem com as tempestades repentinas. Visto que a queda era amortecida por elas, as nuvens.Não me importava em gritar por gritar, em chorar por chorar, ceder e nada receber, por cobrar enfurecidamente. Por perder a lógica, a razão e a hora de viver. Porque das nuvens, bem, da nuvens eu não via com clareza o que se passava.
Precisou que tu vieste até a mim para lembrar-me: "Isto não é nuvem, é terra. cheira, toca. Vê como ela vira lama com tuas lágrimas. Isto não é nuvem. É chão". E no chão a distância é menor. As cores são sólidas. Cheiro é cheiro, sabor é sabor. Gritos incomodam e são abafados, a fúria é comedida, a razão comanda e as horas passam cruelmente. Ah! E sim, se caí. E a queda dói.
E as rajadas de vento espalham destroços e as tempestades inundam e corroem por onde passam.
Vê. A culpa não é sua.
A culpa é só minha que confundi céu e terra, areia e nuvem, tentando não ver.
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