Um, dois, três, quatro. O cursor não para de piscar. Cada intervalo parece como uma martelada em minha mente. Tum, tum, tum. Por que as palavras não vem? Por que a inspiração não chega?
Ela que era tão presente se iniciava de mansinho e explodia em linhas e mais linhas mal-traçadas em lenços de papeis, bloquinhos marcados e remarcados com anotações sobre pessoas que nem me lembro mais. A inspiração que não vem mais.
Já dizem que durante a tristeza escrevemos mais e melhor. Hoje, na tristeza, na felicidade, saúde ou doença, nada. Os brancos surgem após duas ou três interjeições, descrições, opiniões, falas. E quanto me incomoda essa situação.
“Leia livros de frases”, me avisaram. Não sei como frases iriam me ajudar. “Escolha um tema”, afirmaram. Escolho delimito, corto as gorduras e nada. O branco perdura.
O texto estanca. A mente não pega, os dedos congelam e fica o vazio. O vazio de ter tentando e deixado pela metade. O vazio das coisas inacabadas. E fica mais um microtexto arquivado com a esperança de que um dia a inspiração chegue e ele se termine
Um comentário:
a inspiração é um latejar no peito de ansiedade e prazer.
inspiração é um momento curto, miúdo,irrequieto e arrebatador.
se o buscas com afã e destempero,ele o sufoca e o mergulha nesse branco de que tanto falas.
a inspiração é um caminhar desatento a esperar a próxima curva donde virão módicos lampejos de raciocínio.
não nos falte a luz da imaginação!
não nos falte o apego desenfreado às palavras.
não nos falte a verborragia utópica das idéias.
guardemos as armadilhas para prender as doidivanas inspirações quando elas vierem.
um forte abraço!!
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