Ele disse que não poderia sair. "Imprevistos, querida, depois nos falamos". Como qualquer mulher, me senti a última da fila em uma daquelas festas de blind dates que agências para solteiros desesperados promovem. "Como assim? Imprevistos?", pensei. E nem uma explicação a mais, nem uma vírgula, ponto parágrafo no diálogo. Morri por cinco segundos.
Depois da pequena sessão vou cortar os pulsos, refleti que nos conhecemos há apenas duas semanas. E que por mais que eu já tivesse feito planos para a nossa lua-de-mel em Bora Bora, são apenas 14 dias. Afinal, um fora seco, sem criatividade e por telefone na noite de sábado é bem mais interessante que um zigue no domingo, a base de desculpa esfarrapada tipo minha mãe precisa de mim. Afinal, sou jovem, com uma carreira promissora, bonita, e é sábado.
Alto estima em cima - meu eu interior se sente em uma montanha-russa - e agenda do lado, vou a luta. Percebo que minha agenda está lotada de nomes masculinos. Detalhe: são todos gays. E por mais que ame a companhia deles, hoje, preciso sair para lugares heteros, ou pelo menos que não possuam rótulos, para me sentir um pouco menos rejeitada. A única amiga que conheço solteira, sem filhos e com a possibilidade de saída está em depressão - Ah! L'amour - e só de pensar em convence-la e explicar o meu fracasso em mais um dos relacionamentos relâmpagos, caio em desespero.
Sair sozinha? Não estou tão preparada. Fora que meu horoscopo me alerta sobre possíveis acidentes de carro.
Caminho até a geladeira, pensando na possibilidade de um vinho, por acaso, ainda estar por lá. Não, ele não se encontra. Paquero com o sorvete de flocos. "Uma colherada não mata", afirmo veementemente para as paredes. Gula. Alívio de sensações de fracasso.
Sento-me ao laptop, com o pote devidamente próximo, procurando não olhar as horas, e começo a assistir 500 days with Summer. "Espero que ele morra. Tome um porre, durma na praça, com cachorro lambendo. Seja assaltado. Se apaixone pela maior piriguete do planeta e leve chifradas homéricas". Choro ao final clichê "Hi! My name is Autumn", procurando, pela milésima oitava vez, em minhas caixas de entrada por mensagens dele dizendo que sente saudades ou que precisa de mim, nem que seja para trocar o pneu furado.
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