quinta-feira, agosto 17, 2006

UM

Na língua o líquido amargo se espalha. Supunha-se ser água, mas esta não te, gosto. Algo contamina o líquido ínsipido. Desilusão, decepção, desesperança.
Aquele líquido viscoso percorre, ácido, o esôfago e chega ao estômago como uma bomba. De lá contamina todo o resto do corpo.
Os ombros tensionam. Os outros músculos também se contraem. O desespero no rosto. Lágrimas nos olhos. Estaticidade.
Por um gol. Um. Só um.
Como um flagra de traição - das mais vis-, como uma batida de carro, crack de bolsa de valores, ataque terrorista, vídeo do PCC.
Não.
Nenhuma sensação é pior que acreditar até os 47 minutos, saber que pode e não conseguir.
Não há sensação pior que a do gol que não se concretiza em final de campeonato.
Só um. E era para prorrogação ainda.
Só um.
Amargor.
E a minissérie ainda se passa nos pampas.

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