sexta-feira, agosto 15, 2008

Ao outro alguém

Perdão pelas palavras rudes, meu bem. Mas tenho que que confessar que a música não era para você. Nem a música, nem as juras de amor eterno, nem as flores, os cafés da manhã, - os das tardes também - nem os pensamentos lascivos no meio do expediente, nem as brigas e as brigas sem sentido por causa da TPM. Não.
Nada era para você.

Eles eram para o outro alguém que tentei metamorfosear em você. Eram para o outro que me faz suspirar dolorosamente durante todas as lembranças feitas de segundos. Segundos esses, que por mais massacrantes que sejam, desejados a prolongar-se durante horas.

Eu sei. Menti mais uma vez. Menti para mim também. Eu juro que tentei - e muito - apagar de todas as minhas caixas de correios, de lembranças, de memórias, as imagens e palavras. Algumas esqueci, outras, outras ecoam. E ecoam. E agora parecem como um sussurro. Porém, permanecem em mim. E eu as misturei com a sua feição, gestos, palavras, imagens. Era como se, talvez, misturadas a você, elas pudessem desaparecer. Foi uma jogada tudo ou nada. E é tudo ou nada. Melhor, foi tudo ou nada.

E agora, não posso mais continuar - acho. Sinto-me culpada por não me deixar amar de verdade nenhum dos dois. Com você, os sentimentos fluem não direcionados a você você, e sim, a uma projeção idealizada a la piores romances romancistas existentes desde o século XIX. E com o outro, bem, o outro é o outro. E essas desculpas são para você.

Perdão, meu bem. E se eu tentar novamente? Com mais afinco, garra, paixão - até. Você perdoa essas minhas confissões rudes e viveremos felizes para sempre? Só me diga que sim, pois nesse caso aceito o silêncio como não. Não sou uma pessoa preparada para palavras rudes.

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