sexta-feira, dezembro 08, 2006

BLINK

Rotação em movimento de translação na velocidade da luz, foi o que ele me fez sentir naquele momento insalubre em que me falou as três palavras mais temidas na face da terra: Eu te amo.
Os parcos segundos que levei para abrir meus olhos, novamente, se tornaram minutos intermináveis. Tudo que nós tínhamos vivido voltou e aquela conversa tola sobre o quanto o clima mudou, desde a nossa infância, não fazia o menor sentido, ou até fazia, sei lá. Abri os olhos, olhei, toquei a mesa, passei os dedos pelo copo já vazio e respirei fundo até encará-lo. Não sei quanto tempo passei neste estado, mas foi pior do que qualquer gole de absinto que tomei, ou qualquer outra droga alucinógena existente na terra.
E ele sorriu. Ele esperou pela resposta que queria ouvir e senti a impaciência e a ansiedade e a insegurança. Porque ele sabia que não ia ouvir e sabia que nada ia ser como ele gostaria que fosse.
Eu não pulei em seu pescoço, não ri, nem pedi desculpas por não amá-lo ou falei aquelas umas deslavadas e coringas para sair de situações saia-justa como aquela. Eu emudeci, desejei que meu copo estivesse cheio de algo com teor alcoólico 600 ºC e tivesse coragem e de dizer “Eu te amo”, também, porque sim, eu o amo.
Mas não. A história de nós dois me calou. As controvérsias de minha vida me impediriam de pular em seu pescoço. E as circunstâncias daquele lugar e o calor que fazia por causa da do louco tempo, que não é mais o da nossa infância, me impediram de rir. E desculpas, perdão? Para quê? Para quem?
Para mim mesma. Por não ter dito, o que queria e por ter dado ouvidos e visão a um passado que ressurgiu em uma piscada de olho interminável.

Um comentário:

Marco Aurélio disse...

Anny

Tenho passado hoje por uns blogs de amigas e quase todos estão falando de amor, de encontros e desencontros. Que coisa não!?

Bjs