sexta-feira, outubro 19, 2007

Ai! Que saudades do Lago

Um musical sem plumas e paetês americanizados. Assim é “Ai! Que saudades do Lago”, do Núcleo Informal de Teatro, do Rio de Janeiro, que teve passagem rápida pela a Paraíba, mês passado. O espetáculo de 90 minutos homenageia o artista multifacetado Mário Lago com um jeitinho todo brasileiro de musical.

De forma didática e cronológica, Marcos França, ator e roteirista do musical, Cláudia Ventura e Alexandre Dantas cantam dezoito canções de Lago e contam de forma bem humorada a história do ator, compositor, poeta, com leve toque de história do Brasil e do Rádio Brasileiro. Entre as músicas interpretadas há a inédita “Presença”, composta por Lago à sua mulher Zeli. Tudo afinado pelo trio composto por Daniel Máximo, nos sopros, Fábio Nin, no violão e Geórgia Câmara, na percussão
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A direção de Joana Lebreiro traz um revezamento dos atores e da atriz na interpretação dos “Lagos” no palco, o que é muito ajudado pela agilidade e informalidade contida no texto de França. O cenário, assinado por Tainá Xavier, é simples e prático: no meio do palco, um pequeno estúdio, inspirado nas antigas rádios da década de 1950, como a Mayrick Veiga, para os textos de rádio novela que aparecem por todo espetáculo; três cadeiras de bar, representando a fase boêmia de Mário Lago, rapidamente se transformam em um sofá, o Mário Lago casado.

Um saudosismo, regado a cerveja – distribuída aos presentes - se unem em “Ai! Que saudades do Lago”, que traz a tona e envolve a platéia em um glamour perdido dos velhos carnavais e da boêmia carioca, revelando um Mário Lago desconhecido. O Mário ativista político, que foi preso diversas vezes por subversão e comunismo, durante os períodos ditatoriais do país e o Mário escritor de rádios-novela, compositor, poeta, dramaturgo e radialista, além de ator.

O figurino de época é assinado por Patrícia Muniz – não há troca de roupas durante o espetáculo. A iluminação primorosa é de Binho Shaeter e a produção executiva de Estela Albani, com direção geral de Marcos França.O espetáculo também traz um documentário como aperitivo no início do espetáculo, com depoimentos de amigos e parentes, incluindo o do filho e do próprio Lago.

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